A conta de água representa, em média, 17% das despesas de um condomínio, o que faz com que esse tema seja frequentemente debatido em assembleias e entre os condôminos. A forma como o consumo é calculado e rateado, geralmente pela fração ideal ou pelo número de unidades, muitas vezes não reflete o uso real de cada apartamento, especialmente em edifícios que não possuem medição individualizada.
A medição individualizada, que é obrigatória em novas construções conforme a Lei 13.312/2016, é considerada por especialistas a forma mais eficiente e justa de controlar o consumo. No entanto, a professora do curso de Administração de Condomínios e Síndico Profissional da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Rosely Schwartz, aponta que condomínios mais antigos enfrentam dificuldades para adotar esse modelo, devido ao alto custo de instalação e limitações estruturais.
A especialista sugere diversas ações práticas e acessíveis para reduzir os gastos com água e estimular o consumo consciente:
Instalar dispositivos economizadores: Redutores de vazão em torneiras e chuveiros, bem como sistemas de duplo comando em vasos sanitários, ajudam a diminuir o consumo sem comprometer o conforto dos moradores.Aproveitar a água da chuva: A captação de água pluvial para atividades como regar jardins e limpar áreas comuns é uma solução sustentável que, além de reduzir custos, colabora para mitigar enchentes. Contudo, Rosely ressalta a importância de clorar essa água e identificar claramente as tubulações para evitar seu uso inadequado.Promover campanhas de conscientização: A educação dos condôminos é essencial para incentivar hábitos sustentáveis. O síndico pode lembrar, por exemplo, que o consumo diário recomendado pela ONU é de 110 litros por pessoa e propor desafios para reduzir o desperdício.Monitorar vazamentos: Realizar leituras regulares do consumo de água no condomínio pode ajudar a identificar vazamentos e evitar despesas desnecessárias. O síndico deve inspecionar tanto as áreas comuns quanto as unidades em caso de anomalias no consumo.
A docente da FECAP também destaca que mudanças de comportamento dentro das unidades são fundamentais para alcançar uma economia significativa. “Ações simples, como tratar a água de pequenas piscinas em vez de descartá-la e usar máquinas de lavar com carga completa, fazem a diferença tanto para o bolso quanto para o meio ambiente”, explica Rosely.
Outro ponto importante é o uso racional dos recursos na gestão condominial. A especialista sugere que síndicos implementem soluções inteligentes e inovadoras, como aplicativos para monitoramento de consumo e manutenção preventiva, além de envolver a comunidade condominial na criação de regras mais transparentes e democráticas.
“Economizar água é uma responsabilidade coletiva que requer esforço conjunto. Quando todos se comprometem, os benefícios vão além da redução das contas: contribuímos para a preservação de um recurso essencial e promovemos uma convivência mais harmoniosa”, conclui Rosely Schwartz.